Recuperar bicicletas em desuso para potencializar o direito à cidade por meio de sistemas de bicicletas comunitárias compartilhadas.

AGOSTO DE 2014aHOJE
Cultura da Bicicleta
Articulação Institucional
Incidência Política
PASSO 1
Campanha para recolher bicicletas sem utilização em condomínios e casa
PASSO 2
Integração e discussão com a comunidade para a construção do sistema
PASSO 3
Realização de oficinas de mecânica com a juventude das comunidades
PASSO 4
Criação de um sistema de bicicletas compartilhadas gerido pela comunidade

O que é o Bota Pra Rodar?

Bota Pra Rodar é um projeto de integração comunitária, em que, através de encontros, rodas de diálogos sobre assuntos que atravessam o tema do direito à cidade, oficinas de mecânica básica e empreendedorismo e montagem de um sistema de bicicletas comunitárias compartilhadas, montado em colaboração entre ameciclistas e moradores das comunidades participantes, através da doação de bicicletas usadas. Bicicletas que encontram-se paradas, acumulando poeira, geralmente em locais mais verticais e privilegiados da cidade e que se transformam, através deste projeto, em uma ferramenta de transformação da cidade em um ambiente mais humano, democrático e sustentável.

O projeto é uma ferramenta de combate às desigualdades socioespaciais, característica muito marcante na cidade do Recife, que se configura como sendo uma das capitais mais desiguais do país, onde instrumentos de acesso e exercimento de direitos (como lazer, educação, saúde e mobilidade) encontram-se concentrados em zonas específicas da cidade, caracterizando como privilégio algo que é direito de todos e todas.

Acreditando que a mobilidade é um direito imprescindível, que permite que as pessoas acessem outros direitos fundamentais, o Bota Pra Rodar, através de reformas de bicicletas usadas e doadas, permite que homens e mulheres possam se locomover pela cidade, seja com destino ao trabalho, escola de suas crianças ou espaços de lazer e sociabilidade, utilizando um meio de transporte seguro, barato e sustentável. Desta forma, o projeto fortalece a cultura da bicicleta nas periferias do Recife (que já tem a bicicleta como meio de transporte do dia a dia), promove a autonomia das mulheres periféricas, na medida em que muitas não possuem meios de transporte próprios além de seus próprios corpos e permite a troca de conhecimentos sobre cidadania, coletividade e informações técnicas sobre mecânica de bicicleta, fornecendo, assim, mais uma possibilidade de obtenção de renda para pessoas que encontram-se, hoje, sem opções de emprego.

Atualmente, em contexto de crise sanitária, o projeto contribui para a diminuição dos riscos de contágio por coronavírus, pois a bicicleta é o meio de transporte mais seguro na medida em que promove o distanciamento social, possibilita uma pessoa a menos em ônibus e possibilita que em todo o trajeto a pessoa esteja circulando em ambientes abertos, fatores que são essenciais para a convivência com o novo coronavírus.

Como surgiu o projeto?

O Bota pra Rodar surgiu a partir de antigos projetos da Ameciclo, que visavam a arrecadação e doação de bicicletas. No entanto, surgiu a questão: qual a melhor forma de doar uma bicicleta e quem seria merecedor uma? Assim, nos inspirando no movimento Bicicletas Brancas de Amsterdã, da década de 60, uma provocação do grupo anarquista PROVOS, resolvemos, então, usar as doações para montar um sistema de bicicletas compartilhadas comunitárias, buscando arrecadações de zonas verticais da cidade e levando essas bicicletas para locais de baixo acesso à mobilidade e outros direitos. Assim nasceu o projeto Bota Pra Rodar.

Como funciona?

Basicamente, o projeto funciona com no seguinte fluxograma:

  1. Campanha e articulação para arrecadação de bicicletas
  2. Doador(a) entra em contato com a Ameciclo
  3. Doador(a) combina local para deixar a bicicleta OU combina horário em que coletaremos a bicicleta
  4. Bicicleta passa por reforma, através de oficinas de mecânica básica com os participantes do projeto que moram na comunidade contemplada
  5. Bicicleta é disponibilizada para uso comunitário, através de um sistema de compartilhamento autogestionado pela própria comunidade, com a ajuda de um aplicativo desenvolvido em parceria com a ThoughtWorks, exclusivo para o Bota Pra Rodar.

Contudo, o projeto também conta com oficinas sobre cidadania e empreendedorismo, onde convidamos grupos de palestra sobre o tema, mostrando o passo a passo para começar a empreender, assim como convidamos empresas que trabalham com a bicicleta para darem palestras sobre como foram planejadas e executadas, trazendo suas conquistas e dificuldades para partilhar com o grupo. Além disso, em uma das unidades do Bota Pra Rodar, na Vila de Santa Luzia, está sendo montada uma oficina mecânica, que será disponibilizada para uso comunitário e gestionada coletivamente por participantes do curso de mecânica básica promovido pelo projeto, que contou, também, com oficinas sobre associativismo e corporativismo.

Onde está acontecendo atualmente?

Atualmente, o Bota Pra Rodar acontece em dois bairros da zona oeste do Recife: Ilha do Retiro e Torre. Na Ilha do Retiro, o projeto está instalado na ZEIS (Zona Especiais de Interesse Social) Caranguejo-Tabaiares, através da articulação com a Biblioteca Comunitária Caranguejo-Tabaiares. Já no bairro da Torre, o projeto acontece na ZEIS Vila de Santa Luzia, em articulação com o CEPAS - Centro de Ensino Popular e Assistência Social Santa Paula Frassinetti. Recentemente, conseguimos a aprovação, através de edital, para mais uma instalação do Bota Pra Rodar, através da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife, porém, o recurso ainda não foi viabilizado. Nosso interesse é que o Bota Pra Rodar esteja cada vez mais presente na cidade, fortalecendo a cultura da bicicleta e proporcionando a locomoção segura e sustentável da população.

O que conquistamos?

Nossa principal conquista , sem dúvidas, é contribuir com o acesso à cidade, que é o principal foco deste projeto. Quando o projeto consegue botar pra rodar e tem suas bicicletas circulando na cidade, ajuda pessoas que têm pouco acesso ao transporte a conseguir chegar aos seus locais de trabalho, estudo e lazer, tendo uma possibilidade de transporte diário. Outra conquista é o fato do projeto ter sido replicado em outras cidades do Brasil, a exemplo de Queimados (RJ) e Boa Vista (DF).

Além do bem social, o Bota Pra Rodar foi vencedor do Prêmio Promovendo a Mobilidade por Bicicletas no Brasil 2017, obtendo reconhecimento de uma empresa internacional. A partir desse projeto, a Ameciclo foi convidada a participar de eventos como Summit Mobilidade 2020 e Mostra Laços de Iniciativas de Impacto Social Positivo, através da organização Muitos de Nós, em que ganhamos mentoria para melhorar nossa comunicação institucional voltada para o projeto.

Quem já contribuiu com o projeto?

Desde o primeiro Bota Pra Rodar, o projeto contou com apoio financeiro de instituições como Fundo Casa Socioambiental (Caixa Econômica Federal), o Itaú e o Greenpeace, todos através de editais de financiamento. Esse financiamento é o que permite que compremos as ferramentas e peças para as trocas de partes das bicicletas doadas que não são mais utilizáveis, pagamos o grupo gestor do projeto e gasto com outros recursos materiais, como: material gráfico, tinta, translado e outros gastos que surgem ao longo do projeto. Além dos editais, a Ameciclo recebeu, em 2017, o Prêmio Promoção da Bicicleta no Brasil, com o Bota Pra Rodar, e em 2018 o reconhecimento da Folkersma e da Dutch Cycle Embassy, juntamente com o Pedala Queimados (RJ).

Também temos ajuda de instituições e grupos parceiros, que se voluntariam para contribuir com o projeto ou que nos ajudam nas articulações e fortalecendo a cultura da bicicleta e a mobilidade ativa e sustentável nas suas regiões, como: Biblioteca Comunitária Caranguejo-Tabaiares, Associação Desportiva Cultural da Capoeira Arte Pernambucana, União dos Moradores da Caranguejo-Tabaiares, Grupo Pedala Queimados (RJ), Centro de Ensino Popular e Assistência Social Santa Paula Frassinetti e La Ursa Tours.

Temos a contribuição de associades que se dispõem a ajudar nas demandas que surgem no pedalar do projeto, cada um(a) a sua maneira. E, claro, tivemos a contribuição imprescindível de todos e todas que desapegaram de suas magrelas e as botaram pra rodar! As doações são o ponto chave desse projeto. Sem elas, não conseguiríamos montar os sistemas de bicicletas compartilhadas. Nosso muito obrigada a todo mundo que contribuiu com o Bota Pra Rodar! ♥

Como você pode ajudar?

O Bota Pra Rodar é possível porque contamos com muitas mãos e pernas para guiar essa pedalada a caminho da nossa missão enquanto Associação, que é transformar a cidade, por meio da bicicleta, em ambientes mais humanos, democráticos e sustentáveis. O projeto, para acontecer, conta com a colaboração de financiadores, equipe de gestão, associades voluntáries e de pessoas que acreditam que o compartilhamento é uma maneira de combater desigualdades e nos ajudam doando suas bicicletas paradas ou mesmo divulgando o projeto com amigos, familiares ou com os moradores do seu prédio.

Existem várias maneiras que você pode contribuir para o projeto, direta ou indiretamente:

  1. Doe sua bicicleta parada! A bicicleta é um meio de transporte com muito potencial para transformar as cidades em um ambiente humanizado e mais convidativo à ocupação das ruas de forma segura e agradável, sem ameaçar a vida de transeuntes por alta velocidade, além de ser um meio de transporte não poluente. Além disso, sua bicicleta parada pode ser a ferramenta que outras pessoas estão precisando para acessar direitos básicos, mas que não são contempladas por um transporte público acessível. Bota pra rodar!

  2. Fale com sua síndica(o)! O projeto pode ser tudo que ela estava precisando para desafogar aquele bicicletário cheio de bicicleta parada acumulando ferrugem. Informar seus vizinhos sobre o projeto pode possibilitar que as pessoas que não sabiam o que fazer com suas bicicletas achem um meio de desencalhar a magrela e ainda ajudam um projeto social massa na sua cidade. Tudo de bom, né? Coloca o Bota Pra Rodar como pauta na reunião do condomínio que vai ser sucesso!

  3. Voluntarie-se! Nossos associados e associadas contribuem muito com o projeto, seja se disponibilizando para fazer a coleta das bicicletas doadas (fazemos o translado de bicicleta!), seja chegando junto para outras coisas que podem surgir no pedalar do projeto, como: oficinas de temas específicos, onde tem alguém que se voluntaria para promover essa troca com as comunidades; eventos que promovam a mobilidade ativa, em que é importante a integração entre as pessoas de diversas áreas da cidade para a troca de experiências. Chega junto! Todo mundo tem algo pra oferecer e para aprender com os outros. Você pode entrar no Grupo de Trabalho do projeto, que é aberto para todes que são associades, e funciona no programa Telegram. Ainda não é associade?! É fácil, só voltar para a página inicial e clicar em "Associe-se". É de graça, não tem fila e você ainda contribuirá para a representatividade da associação. Serás bem vinde!

Ainda tem dúvidas sobre o projeto? Entre em contato conosco. Nossos canais estão no rodapé desta página ; )